Demografia de Porto Alegre, demanda local e acesso facilitado ao crédito estão entre os principais fatores com influência nos preços
Fernando Soares
Com valorização real de 5% no preço dos imóveis entre junho de 2012 e janeiro, Porto Alegre se configurou, conforme o índice FipeZap, como a cidade brasileira com maior incremento no período, ao lado de Niterói, no Rio de Janeiro. Profissionais do mercado imobiliário acreditam que essa tendência na Capital gaúcha deve continuar, apontando, como causas desse cenário de expansão, elementos comuns a todo o País. Entre eles, estão a demanda local, o aumento da renda da população, o crédito facilitado, a demografia da cidade e o desenvolvimento de novos núcleos habitacionais.
“Essa valorização que Porto Alegre vem tendo representa uma acomodação, pois o preço médio ainda está abaixo de outras cidades brasileiras. Ainda há mais espaço para acréscimo”, aponta João Paulo Galvão, diretor para a região Sul da imobiliária Lopes. Entre as 16 localidades acompanhadas pelo indicador da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) e Zap Imóveis, a Capital fica na 10ª colocação no quesito preço médio do metro quadrado. Atualmente, o montante padrão é R$ 4.303,00.
O bairro com metro quadrado mais caro na cidade é o Três Figueiras, avaliado em R$ 6.834,00. A formação de valor no mercado está alicerçada em uma espécie de tripé, envolvendo localização, segurança da região e infraestrutura para lazer. Além disso, alguns detalhes também influem na variação. Se um apartamento está em um andar mais alto e fica menos exposto ao sol, por exemplo, ele custa mais em relação a outras moradias até do mesmo prédio.
Ao contrário de algumas cidades brasileiras que tiveram grande demanda por imóveis e agora se encontram em desaceleração, Porto Alegre vive um momento inverso. O descompasso pode ser atribuído à burocracia. “A Capital é uma das cidades mais difíceis para se aprovar projetos de empreendimentos, levando quase um ano nesse processo. Isso atrasou o boom imobiliário”, assinala Galvão. Além disso, o dirigente constata que o mercado local tem um histórico de maior maturidade. “Os lançamentos vêm sendo feitos há cerca de dez anos por construtoras locais. Em Porto Alegre, não houve a entrada de grandes players nacionais, como em outras cidades do País.”
Outro fator que contribui para a valorização dos imóveis é a situação de pleno emprego vivida pelo País. “Porto Alegre tem uma taxa de desemprego ainda menor em relação à taxa do Brasil. Essa massa salarial (que está comprando imóveis) é fundamental para a sustentação do mercado imobiliário”, justifica Eduardo Zylberstjn, economista e pesquisador da Fipe. Como consequência, o crédito imobiliário tem ficado acessível a mais cidadãos.
Ao longo de 2013, a tendência é de valorização em solo porto-alegrense, ainda que menos intensa. “Haverá incremento nos preços, mas bem mais moderado”, afirma o diretor de vendas da Guarida Imóveis, Giuliano Spolavori. Segundo ele, a criação de novos núcleos habitacionais e bairros antes inexistentes, como o Jardim Europa, motivam a continuidade do aquecimento na procura por imóveis. Paralelamente, áreas no Humaitá, na avenida Ipiranga e próximas à orla do Guaíba devem apresentar acréscimo acima do restante da cidade.
Em longo prazo, Spolavori vê a possibilidade de um novo boom imobiliário no Brasil, puxado pelas pessoas que migrarem da classe C para a classe B. “Essa mudança vai provocar uma demanda por imóveis de outro patamar”, vislumbra.
Fonte: Jornal do Comércio (RS)