Custo apontado em análise inicial da PWC estima aporte de US$ 1,4 bilhão e prazo mínimo de dez anos para construção
Rafael Vigna
Um estudo, encomendado por um convênio entre a Agência Gaúcha de Desenvolvimento e Promoção do Investimento (AGDI), a Fiergs e a Fecomércio-RS, começou a traçar os caminhos para a construção de um novo aeroporto na Região Metropolitana de Porto Alegre. Elaborado pela consultoria PWC, o levantamento, por um lado, expõe algumas certezas quanto à viabilidade econômica do empreendimento e à estimativa de investimento entre US$ 800 milhões e US$ 1,4 bilhão. Em contrapartida, o caráter preliminar do documento apresentado ontem, também deixa em aberto pontos relevantes quanto à localização e à futura destinação da área do aeroporto Salgado Filho.
Conforme explica o sócio-diretor da PWC, Carlos Biedermann, para garantir o potencial de retorno do investimento entre 6% e 8% ao ano, não há possibilidade de convivência para dois aeroportos de grande porte no Rio Grande do Sul. “Uma das grandes conclusões é de que não há espaços para dois aeroportos. O Salgado Filho teria de ser desativado. Entretanto, isso não exclui a necessidade de manter os investimentos já previstos para ampliação da pista até em razão do prazo mínimo de dez anos para a conclusão de um novo. São duas coisas complementares”, afirmou ao lembrar que, sem a continuidade dos investimentos, o atual terminal internacional da Capital estaria saturado em no máximo 15 anos.
Por isso, a ideia é de que, caso o governo gaúcho dê continuidade à alternativa na Região Metropolitana, o projeto inicial teria de contemplar duas pistas de no mínimo 3,2km. A opção atenderia à demanda estimada para 2023, quando o fluxo de passageiros deve atingir a marca de 20 milhões ao ano. Em 2012, a média em Porto Alegre, onde a pista única de 2,3km, ficou em torno de 9 milhões. Apesar de não definir um local, a consultoria considerou como hipóteses prováveis para a instalação do empreendimento os municípios de Nova Santa Rita (25km da Capital), Guaíba (30km da Capital) Canoas (10km da Capital) e Viamão (15km da Capital). Entretanto, a definição passaria por uma série de estudos técnicos que incluem disponibilidade do espaço aéreo e terrenos com potencial para uma futura expansão.
Outro aspecto não definido diz respeito ao modelo de aportes. Entretanto, o investimento poderia contemplar desde Parcerias Público-Privadas (PPPs), até concessões à iniciativa privada. Uma das sugestões para embasar a escolha seria a do aeroporto Internacional de Lisboa, onde o grupo vencedor da concorrência assumiu a exploração do atual terminal com a incumbência de construir o novo antes da desativação.
Entre as certezas, conforme destaca o presidente da Fiergs, Heior Müller, está a necessidade de ampliar as discussões. Segundo ele, atualmente, o Salgado Filho não possui condições de exportar 75% do potencial de embarques de mercadorias ao exterior, o que exige o custo de um trânsito até Viracopos (Campinas) ou Guarulhos (São Paulo). Com a resolução deste gargalo, por exemplo, o faturamento do terminal seria elevado em até 15%.
Na avalição do presidente da AGDI, Marcus Coester, uma única fabricante instalada em Gravataí exporta cerca de 10 milhões de toneladas por dia, o suficiente para compor 50% de um porão de cargas de grande porte. “É um potencial que estamos deixando de aproveitar. Além disso, setores da política industrial como semicondutores e fármacos só utilizam aviões e precisam de mais este incentivo para se desenvolverem de maneira plena”, exemplifica.
O fato, segundo o titular da Secretaria de Desenvolvimento e Promoção do Investimento (SDPI), Mauro Knijnik, tem constituído um dos principais entraves para a atração de novas empresas ao Estado. “Com este primeiro esforço, teremos um documento valoroso para dar início a discussões mais aprofundadas, junto ao governo federal e à iniciativa privada”, destaca. Por isso, o secretário do Planejamento, Gestão e Participação Cidadã, João Motta, afirma que um grupo de trabalho interno será criado para avançar as discussões.
Fonte: Jornal do Comércio (RS)