Os primeiros casos registrados de Gripe A põem em alerta as autoridades da área da saúde no Rio Grande do Sul. A lembrança de 2009, quando houve o primeiro surto que causou a morte de quase 300 pessoas, agrava ainda mais a situação. Até o momento, o Estado teve dois registros de Gripe A. Antes disso, o governo estadual havia decidido antecipar a campanha de imunização, para o dia 25 de abril, demonstração clara de precaução.
A preocupação das autoridades se dá pelo comprometimento da estrutura de saúde, ainda mais neste momento que há atenção também com outras doenças, como dengue e zika. O infectologista do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Luciano Goldani, que acompanhou de perto a evolução da doença em 2009, afirma que ainda é cedo para considerar um surto, mas as autoridades estão atentas. “O Sistema de Saúde do país e, automaticamente, de Porto Alegre está deteriorado. Não tem condições de suportar um surto. Mesmo sem surto, as emergências estão superlotadas”, enfatiza.
Nesta mesma linha, o presidente do Sindicato Médico do Estado (Simers), Paulo de Argollo Mendes, também ressalta que o panorama é de preocupação. “Já há naturalmente uma sobrecarga de serviço na estrutura atual, como em hospitais, postos de saúde e Unidades de Pronto-Atendimento (UPAs). Com uma nova epidemia o sistema ficará ainda mais comprometido. Estamos despreparados”, avalia.
O secretário estadual de Saúde, João Gabbardo dos Reis, reconhece que a situação é preocupante. A principal é a falta de informações, neste momento, da origem do surto da doença e a sua gravidade. “Ainda estão sendo realizadas investigações para compreender as suas características e por que está ocorrendo agora, antes do inverno”, enfatiza. Ele ressalta porém que há uma série de diferenças em relação ao primeiro surto, em 2009. A principal delas é a existência da vacina contra a gripe, destinada pela rede pública aos chamados grupos de risco. Integram essa categoria os pacientes mais suscetíveis à doença, como o caso de idosos, crianças e gestantes. A imunização gratuita no Estado deverá atingir quase 3,6 milhões de pessoas.
Ao mesmo tempo, cresce a procura pelas doses na rede privada. Em função disso, muitos estabelecimentos já estão com lista de espera e no aguardo de recebimento de novos lotes. Segundo a enfermeira e responsável técnica de uma das clínicas da Capital, Tatiane Adamski, a procura tem sido acentuada desde o final de fevereiro. Para ela, a busca está vinculada a um processo sazonal da doença. “A cada três anos temos o surto. Quando há o aumento de casos, a procura por imunização e os cuidados de prevenção aumentam. Quando baixa, essa atenção reduz”, explica.
Outra ferramenta para fazer frente à gripe é a disponibili-zação de medicamentos na rede de saúde, o que pode agilizar o início do tratamento dos pacientes suspeitos. O Tamiflu é a medicação mais indicada para o tratamento, de acordo com o Ministério da Saúde e está disponível na rede pública.
Apesar dessas ações, a melhor maneira de evitar um surto ainda é a adoção de alguns hábitos higiênicos básicos, como lavar as mãos com frequência e evitar contato com pessoas que apresentem sintomas. O uso do álcool gel também é recomendado. Para o infectologista Luciano Goldani, é importante que tenham início o mais breve possível as campanhas de conscienti-zação. “É importante reforçar esses cuidados para que as pessoas passem a adotar essas medidas, evitando a transmissão da doença”.
Sinais de alerta a influenza: febre , dores de garganta, de cabeça, nas articulações ou muscular
A doença
O primeiro surto de gripe A (H1N1) ocorreu em escala mundial em 2009, sendo tratada como uma pandemia. Em resposta, foram desenvolvidas diversas ações de combate e uma vacina.
Sintomas
A gripe ou Influenza é causada por vírus e geralmente é caracterizada por febre alta, seguida de dor muscular, dor de garganta, dor de cabeça, coriza e tosse seca. A febre é o sintoma mais importante e dura em torno de três dias. O caso mais grave se dá quando a doença evolui em gravidade e exige internação hospitalar.
2016
Diferentemente de outros anos, os casos de gripe A começaram a ser registrados já nos primeiros meses do ano. Normalmente a maior circulação do vírus ocorre no inverno. No momento, chama atenção o aumento no número de óbitos ligados à doença. Foram confirmadas mortes em estados como São Paulo, Santa Catarina, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Goiás. No Rio Grande do Sul foram identificadas duas ocorrências.
Campanha Nacional de Vacinação
O Ministério da Saúde (MS) é o responsável por repassar as vacinas aos estados. A imunização começa no dia 30 de abril e segue até 20 de maio. Os estados podem antecipar a data de início.
No Rio Grande do Sul o governo quer antecipar a vacinação para o dia 25 de abril.
Grupos podem ser imunizados
Grávidas; mães até duas semanas após o parto; adultos com mais de 60 anos; crianças entre 2 e 5 anos; indígenas; pessoas com doenças crônicas (como asma, hipertensão, diabetes e obesidade); profissionais da saúde e detentos.
A vacinação disponível pela rede pública abrange três tipos de vírus da Influenza. As doses disponíveis na rede privada são trivalente ou a tetravalente, que imuniza contra quatro tipos. O valor das doses na rede privada varia de R$ 85,00 a R$ 120,00, segundo informações recolhidas em algumas clínicas. É preciso ter atenção, pois muitas já têm lista de espera.
Prevenção
Lavar sempre as mãos; evitar locais com aglomeração de pessoas, o que facilita a transmissão de doenças respiratórias; cobrir a boca com o braço ao tossir ou espirrar; utilizar álcool gel nas mãos e, caso julgue necessário, utilizar máscara de proteção.
Orientação
Para o tratamento, a recomendação é de que ao sinal de febre, dor de garganta e dor de cabeça, nas articulações, ou muscular, a pessoa procure atendimento médico.
Fonte: Jornal Correio do Povo (RS)