O risco de racionamento de energia, que atinge o Brasil, deixa o Rio Grande do Sul em alerta. O temor foi expressado ontem pelo novo presidente da Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE), Paulo de Tarso Pinheiro Machado, acrescentando que o Estado está dentro do contexto do Brasil. “O que acende a luz vermelha para o Estado é que estamos no pico do consumo em função do aumento das temperaturas. É uma realidade que não nos permite pensar que estamos em uma posição diferente do Brasil. Há, sim, uma possibilidade de risco. Mas isso não está mensurado”, atestou.
Igualmente mencionou a perda de volume nas reservas hidrológicas e o aumento da demanda pelo calor como fatores que deixam a situação ainda mais preocupante. “Em que pese a posição do Rio Grande do Sul, comparativamente às outras regiões, é boa, mas como nós temos um elemento de transição de geração que acaba abastecendo também a região Sudeste, que nesse momento é a maior demandante, a nossa condição é um pouco mais favorável. Não estamos em uma situação de conforto”, explicou.
De acordo com Machado, os níveis dos reservatórios no Estado estão próximos aos 70%, mas a energia gerada é integrada ao Sistema Interligado Nacional (SIN). Nessa semana, uma interrupção no fornecimento de energia ocorreu em partes das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. No RS foram atingidos parcialmente 10 municípios. “O setor está em crise ao somar R$ 2,5 bilhões de prejuízos, resultantes da defasagem nas tarifas”, assinalou.
Segundo ele, a CEEE não poderá ter novos gastos sem ter um amparo do preço cobrado ao consumidor. Para isso, buscará, junto com as empresas do restante do país, a revisão tarifária. A medida representaria um reajuste extraordinário no valor da tarifa de energia, além do aumento anual e do sistema de bandeiras. Ainda neste mês, uma reunião será realizada no Ministério de Minas e Energia para abordar o tema.
“Está na pauta a tentativa de pleitear repasse da União, porque há um valor devido e não repassado. No entanto, precisamos saber das questões conjunturais do setor e do próprio governo federal, para ter a clareza de como enfrentar a crise e qual estratégia iremos tomar”, disse.
Por outro lado, espera a renovação da concessão em julho. No entanto, admite que a CEEE terá que melhorar os índices de desempenho operacional a longo prazo. “Demonstrar à Agência Nacional de Energia Elétrica e ao governo federal que temos um plano de voo é fundamental”, frisou. Igualmente projeta melhorias na qualidade do serviço e no contato com os clientes. “Queremos reverter a visão de que a CEEE sempre chega atrasada e que leva muito tempo para atender o consumidor”.
“O Grupo CEEE tem capacidade instalada e recursos humanos. Precisamos alinhar esses recursos para melhorar a capacidade operacional”, afirmou. A companhia tem 34% de participação no mercado gaúcho, com cerca de 1,6 milhão de clientes.
Fonte: Jornal Correio do Povo (RS)