Participação gaúcha caiu para quinto no ranking nacional, representando 7,17% dos embarques de todo o País
Adriana Lampert
O Rio Grande do Sul fechou 2012 com queda nas exportações. O ano contabiliza recuo de 10,5% em valores e de 11,1% em volume, na comparação com o ano anterior. Com menos US$ 2 bilhões na receita, o Estado caiu para a quinta posição no ranking dos maiores exportadores do País, ultrapassado pelo Paraná, que teve aumento de 1,8% no total de vendas para o exterior.
De acordo com o economista Bruno Breyer Caldas, da Fundação de Economia e Estatística (FEE), metade das perdas se deve à redução da produção de soja (grãos, farelo e óleo), enquanto em torno de 20% do mau desempenho esteve vinculado ao protecionismo da Argentina, que cancelou a compra de químicos, veículos automotores, couros e artefatos.
O restante das perdas é resultante do embargo russo à carne suína e ao enfraquecimento da demanda internacional por produtos gaúchos – ainda como resultado da crise econômica mundial. Nos últimos 12 meses, os preços das exportações no Estado apresentaram uma variação maior (0,6%) que a nacional (-6,2%). Como consequência, o valor exportado pelo Rio Grande do Sul registrou uma evolução inferior (-10,5%) à observada no Brasil (-5,3%). Em 2012, a participação gaúcha representou 7,17% das exportações nacionais.
Dezembro foi responsável pela receita de US$ 1,1 bilhão do total de US$ 17,4 bilhões exportados pelos gaúchos ao longo do período. Se comparado a dezembro de 2011, quando foi negociado US$ 1,4 bilhão, o último mês do ano respondeu por uma redução de US$ 265,8 milhões no resultado, colocando o Estado na sétima posição do ranking nacional, com uma queda de 19,5% nas vendas. No País, houve decréscimo de US$ 2,4 bilhões em dezembro, quando a participação gaúcha foi de 5,56%. “Em geral, o desempenho no Brasil não foi positivo: teve recuo de 10% nas exportações. Isso não é um bom sinal, se for um indicativo de tendência para os próximos meses”, avalia Caldas. Ele observa que a estiagem no Rio Grande do Sul, que impactou as exportações de soja, foi o principal motivo da queda abrupta da atuação gaúcha durante todo o ano.
Em 2012, as exportações da agricultura do Estado sofreram quedas de 25,6% em valor e de 28,2% em volume, “parcialmente compensados pelos preços obtidos”, segundo Caldas. “Quando comparamos com o Brasil, vemos a diferença nas exportações da agricultura: tivemos redução de quase US$ 1 bilhão, enquanto o País teve crescimento de US$ 1,5 bilhão.”
O especialista considera o desempenho “estável” do trigo ao longo do ano como um “ponto positivo” em um cenário de aumento de oferta deste produto, com a entrada da Rússia. Já as exportações de carne tiveram uma diminuição de US$ 170 milhões no último ano, principalmente devido ao embargo russo à carne suína na época. “Mas, nos últimos meses, esse embargo foi parcialmente compensado, devido ao aumento das vendas para a Ucrânia”, observa.
Caldas destaca que, ao contrário do que ocorreu no Rio Grande do Sul, o crescimento da agricultura brasileira foi puxado pelas exportações de soja e milho. “O Brasil se inseriu no mercado de milho devido à estiagem que afetou a safra deste produto nos Estados Unidos”, lembra o economista da FEE, ponderando que houve declínio nas vendas de café, pela fraca demanda europeia. Já a indústria de transformação nacional teve uma queda de 1,8%.
Na indústria de transformação – principal setor da pauta de exportação no Rio Grande do Sul – o desempenho foi menos fraco em termos percentuais: 7,6% em valor e 7,4% em volume. “No entanto, em termos absolutos, ficou sempre em torno de mais de 80% e em alguns meses superou 90%”, pontua o economista.
Fonte: Jornal do Comércio (RS)