Importância da rotulagem de frutas e hortaliças foi tema de debate
Marcelo Beledeli
A importância de investir na rastreabilidade e rotulagem dos alimentos comercializados no País foi destacada, ontem, durante o Encontro Nacional da Associação Brasileira das Centrais de Abastecimento (Abracen), que acontece no Hotel Deville, em Porto Alegre. O evento, que se encerra hoje, reúne cerca de 110 representantes de 15 Ceasas do Brasil.
Conforme a palestrante Anita Dias Gutierrez, chefe do Centro de Qualidade em Horticultura da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), as frutas e hortaliças são um dos poucos itens do setor de alimentos onde os consumidores ainda não têm condições de obter informações sobre a origem daquilo que compram. “Produto industrializado, como bolachas ou massas, ninguém aceita sem rótulo, mas frutas e hortaliças todo mundo compra sem isso. O consumidor, e mesmo mercados e restaurantes, na maioria das vezes, não têm como conseguir a identificação dos produtores de onde os vegetais são provenientes.”
Segundo a palestrante, a maioria dos intermediários conhece a origem dos produtos, mas a falta de rotulagem não diferencia o produto. “Quando a fruta e o hortigranjeiro chegam nos supermercados e são despejados nas gôndolas, a rastreabilidade se perde, pois o intermediário compra o mesmo produto de mais de um agricultor”, observou. Anita defendeu a rotulagem de frutas e hortaliças como uma maneira de garantir a segurança alimentar. “Com ela, fica mais fácil descobrir o foco de um problema sanitário e resolvê-lo de forma rápida.”
Conforme Anita, a exigência da rotulagem de vegetais também muda a postura do agricultor, que se torna responsável pela qualidade do produto cultivado. “Com essa atitude simples, ele fica mais preocupado com as condições de produção e embalagem do alimento que fornece, uma vez que seu nome é divulgado de forma direta ao comprador final. Por outro lado, o produtor que ganha confiabilidade como fornecedor de um produto bom acaba sendo procurado diretamente por outros potenciais clientes, valorizando o preço de suas colheitas.”
Durante a palestra, Anita também afirmou que as leis sobre rastreabilidade não são cumpridas no País por causa das dificuldades de fiscalização. No entanto, reconheceu a necessidade de mudanças nas regulamentações, especialmente para os vegetais. “Frutas e verduras, por exemplo, sofrem redução de peso entre a colheita e a comercialização final devido à perda de água no processo. Hoje, quando um produtor informa que uma carga tem 10 quilos, mas na venda final está mais leve, ele poderia ser multado por isso.” Segundo a palestrante, é necessário estabelecer um regulamento especial de pesos e medidas para frutas e hortaliças, a fim de evitar esse tipo de problema. O encontro da Abracen prossegue hoje, com uma palestra sobre a Ceasa/RS e a regionalização do abastecimento pelo secretário de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo, Ivar Pavan, às 8h30min. Já às 11h, acontecerá o lançamento do Plano Nacional de Abastecimento.
O cultivo de soja na Argentina avança e, apesar do excesso das chuvas, produtores consideram prematuro projetar volume e rendimento para a cultura em 2012/2013. “Tudo depende do clima, porque algumas áreas estão alagadas e outras muito secas, mas a situação não é dramática”, afirmou o vice-presidente da Associação da Cadeia de soja (Acsoja), Luis Zubizarreta. Ele tampouco fala sobre tendência de preços. “A questão é básica. Se temos uma colheita muito boa, o preço baixa, se a colheita não for o que esperamos, o preço sobe.”
O vice-ministro de Agricultura, Lorenzo Basso, foi otimista durante entrevista de balanço de final de ano. “As chuvas atrasaram o plantio, mas as culturas estão em muito bom estado nas áreas que não estão inundadas, e são as principais”, afirmou Basso.
O diretor da Acsoja, Patricio Gunning, gerente de Assuntos Corporativos da Monsanto, avaliou que “a Argentina tem capacidade de manter a área cultivada com soja entre 19 a 20 milhões de hectares e a de milho em torno de 4 milhões de hectares”. Em entrevista, ele ponderou que essa relação “não é sustentável” no largo prazo. “Daqui a 10 anos, o milho deve avançar para uma área entre 6 e 8 milhões de hectares, e, a soja, entre 20 e 22 milhões de hectares”, opinou Gunning.
Segundo projeções do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), a Argentina terá uma colheita recorde de soja, com 55 milhões de toneladas, acima da safra máxima obtida em 2009/10, de 52,7 milhões de toneladas. A Bolsa de Cereais de Buenos Aires, em seu último relatório, estimou que 55% dos 3,4 milhões de hectares da área projetada para o cultivo de milho foram implantados. No início da safra, as estimativas eram de uma produção de 28 milhões de toneladas.
Fonte: Jornal do Comércio/RS