No Encontro do Grupo de Estudos de Direito de Família de hoje, dia 18/08, a psicóloga Sônia Sebenello, presidente da Sociedade de Psicologia do RS, palestrou sobre o tema “O Comportamento das Famílias Hoje- relações entre pais e filhos”, no Instituto dos Advogados do RS (IARGS). Segundo ela, os núcleos dos padrões das famílias estão sofrendo grandes transformações. “Está existindo uma perda de referência, além de uma instabilidade quanto aos papéis convencionais da modernidade”, afirmou.
Antigamente, disse, existia a religião como valor transcendente e o patriarcado (figura do pai). “Tudo isso hoje está deslegitimizado”, referiu, salientando que os pais da atualidade estão tendo muita dificuldade para encontrar seu papel em uma sociedade de rede, e não mais piramidal.
“Os pais perderam seu lugar no sentido de educar, de ser autoritário como era o padrão anterior normativo”, acentuou. Segundo expôs, é preciso encontrar um novo modelo no sentido de educar um filho para crescer. A psicóloga advertiu que a maioria doa pais, atualmente, cria os filhos fora da zona de conflito, evitando qualquer desentendimento e permitindo o individualismo de cada um como forma de sobrevivência emocional. “Mas o conflito é necessário para o crescimento. Está aí a diferença”, ressaltou.
Como possível solução para ao que chama de perda de referência, Sônia sugeriu que as pessoas voltem a se apropriar dos seus papeis na educação de um filho: “não apenas criar, mas educar”.
Na sua avaliação, o consumo ilude as pessoas: “são fetiches do desejo que estamos sempre em busca numa sociedade dominada pelo mercado, fazendo com que se distancie, cada vez mais, da construção de um novo processo de vida que possa resultar no crescimento e não na crença mágica que o consumo induz”.
A psicóloga aconselha que os pais acompanhem mais os filhos no dia a dia e, quando este falharem, que entendam que falhar é humano e que faz parte do crescimento. “Hoje somos a sociedade do sucesso, do gozo, do poder, não aceitando qualquer interferência em projetos megalômanos”, destacou, pontuando que os filhos acabam sendo submetidos aos desejos da família no sentido apenas do sucesso e não da realização. “Esse comportamento cria seres frágeis”, afirmou.
A especialista preveniu que a sociedade está mergulhada numa crise de valores, de princípios, de solidariedade, de respeito um pelo outro. “Mas, como toda crise, pode ser uma grande oportunidade para refletirmos e encontrarmos um novo equilíbrio”, frisou.
Terezinha Tarcitano
Assessora de Imprensa