Como curadora de um museu sou sempre favorável à disseminação da cultura em todos os aspectos. Ao contrário do que acontece na escola, onde a formação acontece pela frequência diária às aulas e pelo uso dos livros, uma visita a um museu é um fator diferenciado, na qual o aluno pode ver in locco o que somente observa e aprende em livros, independentemente de idade e grau de conhecimento. Aliás, vale lembrar que uma visita a um museu equivale a seis meses de aula, segundo avaliação de professores. Além disso, a experiência dos visitantes é sempre diferenciada de outras, ou seja, cada um tem a sua percepção de determinado objeto exposto que contempla. Logo, o aprendizado em um museu tem um caráter único, sempre ligado à experiência individual do visitante e das circunstâncias em que ocorreu a visita.
Sempre estimulo às pessoas a levarem seus filhos desde pequenos para conhecerem museus a fim de que possam enriquecer seus conhecimentos históricos e culturais. Nenhum presente é tão recompensador quanto o de ofertar aos filhos a apreciação em eventos culturais. Na Europa, por exemplo, as crianças começam a visitar museus a partir dos quatro anos de idade. Há adultos que nunca entraram em um museu, teatro, concerto ou exposições, logo, os filhos acabam ficando sem referência neste aspecto. Infelizmente, muitos turistas brasileiros de classe média e alta só viajam para fazer compras, que deveriam estar em segundo plano. Esses turistas acabam perdendo uma bela oportunidade de enriquecer seus conhecimentos adquirindo uma cultura. Investem em compras e zero em cultura.
O Museu da Moda, apesar de priorizar a cultura da moda e a evolução da indumentária feminina ao longo de quatro mil anos, está aberto para quaisquer outros tipos de exposições e eventos culturais. Como exemplo, até o próximo dia 30 de agosto está expondo no hall de entrada a mostra do 24º e 25º Intercâmbio Internacional de Miniarte com fotografias de 10 diferentes coleções que percorrem os cinco continentes.
Em novembro do ano passado, o museu abriu as portas para uma apresentação do Grupo Pianistas de Bagé que fez um espetáculo inédito no mundo: um recital simultâneo com 5 pianos a 20 mãos. Fiquei muito honrada por terem escolhido o museu para fazerem esta performance.
Meu objetivo é sempre potencializar o papel educativo dessas instituições no desenvolvimento da sociedade e enfatizar seu valor social em um mundo cada vez mais globalizado. Vários estudos apontam que o aprendizado é um processo de mudança conceitual ao invés de absorção de um conhecimento transmitido. Dessa forma, entendo que a instituição-museu é o espaço ideal para o desenvolvimento cognitivo de estudo presencial.
Milka Wolff
Milka Wolff é estilista e curadora do Museu da Moda de Canela (RS)