A Comunicação Pública no Brasil ainda sofre com a falta de projeto a longo prazo, que perdure com os anos. Desde a criação da Rádio Sociedade (atual Rádio MEC AM), vimos surgir TVE, TV Brasil, Radiobrás, EBC, Fundação Roquette-Pinto, ACERP, entre outras iniciativas. A cada novo governo ou gestor, há uma mudança que dificulta a construção de uma política pública efetiva. Além da população que demora a se acostumar com os novos canais, linhas editoriais e enfoque, os grandes prejudicados são os trabalhadores e astrabalhadoras desses veículos. Associação que opera a TV Escola e a TV INES, a ACERP é um grande exemplo disto: mudou de presidente três vezes nos últimos 16 meses. Após a saída do jornalista Arnaldo César Jacob em novembro de 2013, o artista plástico Luiz Dolino assumiu a função rompendo os laços com a EBC e reaproximando a organização social do Ministério da Educação. Contudo, após realizar um planejamento estratégico e uma separação física com a mudança de sua sede da Lapa (onde dividia o espaço com a EBC) para Botafogo, seu presidente saiu para dar lugar a outro ligado à Empresa Brasil de Comunicação. Radialistas e jornalistas da associação receberam com surpresa a notícia da intervenção da EBC na ACERP, mesmo depois do decreto 8.385 de 30 de dezembro de 2014, no qual a presidenta Dilma passa a responsabilidade pela ACERP da EBC para o MEC. Qual o projeto do governo para a ACERP? Ou melhor; qual o projeto da sociedade para a ACERP? Esse debate não pode se pautar por acordos nada transparentes realizados entre quatro paredes de algum gabinete de Brasília. Essas perguntas precisam ser respondidas por um conjunto mais amplo de pessoas, que envolva trabalhadores, telespectadores, academia e movimentos sociais. O Sindicato dos Jornalistas,ao lado dos trabalhadores e das trabalhadoras, está dando o primeiro passo neste sentido ao iniciar a organização de um Seminário sobre a Comunicação Pública no Rio de Janeiro reunindo EBC, ACERP, Multirio, além de rádios e TVs comunitárias, livres e universitárias. Só assim conseguiremos manter um projeto longevo que não sofra com interferências políticas em detrimento da sociedade.
Fonte: Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro