Permissionários e funcionários do Mercado Público de Porto Alegre lamentaram neste domingo (7) os estragos causados pelo incêndio que atingiu o local na noite de sábado (6). O segundo andar do prédio, que reunia principalmente restaurantes, foi a parte que mais sofreu com as chamas. As bancas do andar inferior não foram danificadas pelo fogo.
Gerente de uma das lojas mais famosas do Mercado Público, a Banca 40, Milton Serpa comemorava uma semana de resultados positivos e bastante movimento quando recebeu a notícia do incêndio.
“A gente teve uma semana maravilhosa, de movimento, cheia de turista. Aí chegamos em casa com aquela alegria de dever cumprido quando, de repente, recebe um telefonema e vê que o ganha-pão está pegando fogo. Qual é a expectativa que temos? Estamos sem chão”, afirmou o comerciante.
O balconista Ricardo da Silva Souza, que trabalha há 25 anos no Mercado Público, lembrou os colegas que perderam seus estabelecimentos.
“Olha quantas pessoas dependem daqui, vai ficar quanto tempo fechado agora? É difícil ver tudo destruído, a gente conhece todo mundo e sente por todos, pela perda do Mercado, não só pela nossa peixaria”, afirma.
Além das bancas danificadas, o presidente da ASCOMPEC (Associação do Comércio do Mercado Público Central), Ivan Konig Vieira, se preocupa com os prejuízos que serão contabilizados pelo tempo que o Mercado possa permanecer desativado.
“Vamos ver o que a gente faz para botar as atividades o mais rápido possível, a gente depende das autoridades para reformar e ver o que tem que fazer para ser feito. Acredito que o Mercado vai ficar fechado um tempo, mas todo mundo tem o comércio, contas a pagar… É uma tristeza profunda ver as coisas queimando e não poder fazer nada”, lamentou Vieira.
Apesar da situação ainda indefinida em relação à reabertura e à reforma do Mercado, Serpa acredita que manter a calma e ter paciência é fundamental neste momento.
“Temos fé de que em pelo menos 70% do Mercado dê para trabalhar normalmente, é o que a gente espera. Tem que ter um pouco de paciência e calma nessa hora, não adianta pavor. Na medida do possível, acho que as coisas vão se normalizar e a gente segue a nossa vida”.
O incêndio
O fogo começou por volta das 20h30 e os bombeiros conseguiram controlar o incêndio às 22h30. Depois, trabalharam no rescaldo. Não houve registro de feridos. Quem estava no prédio conseguiu sair. A prefeitura afirma que todos os equipamentos de proteção contra incêndio do prédio estavam em dia, sendo 57 extintores que foram revisados há 15 dias e 10 mangueiras substituídas por novas. No entanto, como os profissionais que estavam no Mercado precisaram sair rapidamente, não puderam usar os extintores e mangueiras.
Segundo moradores da cidade, hidrantes falharam e faltou água para apagar o fogo. A população que se aglomerava em volta do prédio gritou revoltada “água, água” e vaiou os bombeiros. O prefeito garante que não houve falhas. “O que eu posso dizer é do enorme esforço dos profissionais”, disse.
PPCI do prédio está vencido, afirma prefeito
O Plano de Prevenção e Proteção Contra Incêndio (PPCI) do Mercado Público de Porto Alegre está vencido, conforme admitiu o prefeito José Fortunati em entrevista coletiva. Apesar disso, ele garantiu que os equipamentos utilizados para o combate às chamas estavam todos em dia, como extintores e hidrantes. Os instrumentos, porém, ficam no interior do prédio, e não havia pessoas dentro do estabelecimento quando o fogo começou a se espalhar.
O Corpo de Bombeiros informou que ainda não havia recebido a documentação do PPCI. Em abril, no entanto, o prédio do Mercado Público foi vistoriado durante a Festa do Peixe. O comandante Fábio Duarte Fernandes afirma que o local tinha todas as condições de segurança.
Fonte: G1 RS