Os resultados por escola do Enem de 2011, divulgados ontem pelo Ministério da Educação, mostram que 92% da escolas estaduais tiveram nota abaixo da média geral do Brasil na prova objetiva. As redes estaduais concentram a maioria absoluta dos estudantes de ensino médio do País.
Os dados contemplam as notas obtidas pelos estudantes nas provas de ciências da natureza, ciências humanas, matemática e português. A média da rede estadual brasileira é 519 pontos – distante do registrado pela privadas, de 569, e da escola mais bem posicionada. O Colégio Objetivo Integrado teve média de 737.
O levantamento foi feito pela Merrit Informação Educacional a pedido do Estado.
Criado em 1998 para avaliar os estudantes do ensino médio, o Enem foi transformado em vestibular em 2009 e seleciona os alunos na maioria das instituições federais de ensino superior. No último ano, os inscritos no Enem disputaram 108,5 mil vagas em 95 universidades.
O resultado dos estudantes das redes estaduais evidencia a crise que o País enfrenta no ensino médio público, com currículos fracos, altos índices de evasão e baixo desempenho em avaliações. O cenário é praticamente o mesmo em todos os Estados, que não conseguiram registrar 20% das escolas com notas acima da média nacional.
“Indiscutivelmente esses resultados do Enem refletem a situação da educação nas nossas escolas. É sinal de que temos de mudar o rumo”, diz Belivaldo Chagas Silva, vice-presidente do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed).
No ranking de escolas, a primeira estadual só aparece na 60.ª posição. É o Instituto de Aplicação Fernando Rodrigues Silveira, da Universidade Estadual do Rio (Uerj). A segunda é a Escola Técnica Estadual de São Paulo (mais informações nesta pág.), na 74.ª. A primeira escola regular é o Centro Estadual de Ensino Médio Tiradentes (RS), no 248.° lugar.
O Estado com o melhor resultado foi o Rio, que teve 18% das escolas com notas acima da média nacional. Para Antonio Vieira Neto, subsecretário de Gestão de Ensino, as adversidades do ensino nesse ciclo são grandes. “Há regiões na cidade onde o ensino médio regular só é oferecido à noite, o que representa uma dificuldade ainda maior na aprendizagem.”
A Secretaria de Educação do Ceará aposta no Enem como um termômetro. Por isso, investiu para que a participação dos alunos fosse maior. “Já esperamos ter uma queda no rendimento médio deste ano e no do próximo”, diz o secretário adjunto, Maurício Holanda. “Mas a queda será comemorada, pois teremos um retrato mais fiel da rede”. No Ceará, só 2% das escolas ficaram acima da média. Por outro lado, alunos das escolas federais tiveram desempenho muito superior. Só 19% dos colégios tiveram notas abaixo da média nacional. A nota média dessas escolas é de 568, maior que a das privadas.
Fonte: Blog Jorge Werthein