Em pronunciamento, presidente Dilma anunciou que novas tarifas residenciais terão corte de 18% e as industriais de 32%
A presidente Dilma Rousseff disse ontem, em pronunciamento em rede nacional de rádio e televisão, que o Brasil tem energia suficiente para o presente e para o futuro, “sem nenhum risco de racionamento ou qualquer tipo de estrangulamento, no curto, médio ou no longo prazo”. Dilma anunciou que, a partir de hoje, a conta de luz dos brasileiros terá uma redução de 18% para as residências e de até 32% para as indústrias, agricultura, comércio e serviços.
O corte é maior do que o anunciado em setembro do ano passado. “Com a redução de tarifas, o Brasil passa a viver uma situação especial no setor elétrico, ao mesmo tempo baixando o custo da energia e aumentando sua produção elétrica”, afirmou. Ela assinou ontem um decreto e uma medida provisória com os novos índices de redução das tarifas.
Segundo ela, os consumidores que são atendidos pelas concessionárias que não aderiram à prorrogação dos contratos (Companhia Energética de São Paulo – Cesp, Companhia Energética de Minas Gerais – Cemig e Companhia Paranaense de Energia – Copel) também terão a conta de luz reduzida. A presidente criticou duramente as previsões sobre a possibilidade de racionamento de energia por causa do baixo nível dos reservatórios das hidrelétricas. Ela explicou que praticamente todos os anos as usinas térmicas, movidas a gás natural, óleo diesel, carvão ou biomassa, são acionadas com menor ou maior exigência para garantir o suprimento de energia do País. Segundo Dilma, isso é “usual, normal, seguro e correto’.
“Surpreende que algumas pessoas, por precipitação, desinformação ou outro motivo, tenham feito previsões sem fundamento quando os níveis dos reservatórios baixaram e as térmicas foram normalmente acionadas. Como era de se esperar, essas previsões fracassaram, o Brasil não deixou de produzir um único quilowatt de que precisava. E agora, com a volta das chuvas, as térmicas voltarão a ser menos exigidas”, explicou. A presidente disse que o País irá dobrar em 15 anos a capacidade instalada de energia elétrica, que hoje é 121 mil megawatts.
Segundo ela, no ano passado, o Brasil colocou em operação 4 mil megawatts e 2,7 mil quilômetros de linhas de transmissão e, este ano, deve colocar mais 8,5 mil megawatts de energia e 7,5 mil quilômetros de novas linhas. “Temos contratada toda a energia de que o Brasil precisa para crescer e bem, neste e nos próximos anos.” Dilma também garantiu que o sistema elétrico brasileiro é um dos mais seguro do mundo porque trabalha com fontes diversas de produção de energia, o que não ocorre na maioria dos países.
A termelétrica AES Uruguaiana já tem todas as condições técnicas para entrar em operação, afirma o coordenador da Frente Parlamentar em Defesa da Reativação da Termo AES Uruguaiana, deputado estadual Frederico Antunes (PP/RS). Segundo ele, o que falta agora é apenas a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, retornar da viagem internacional que realiza no momento e assinar o decreto que isentará de tributos o uso dos gasodutos naquele país para o funcionamento da usina.
Antunes comenta que a expectativa era de que a térmica retomasse as atividades na semana passada. No entanto, ele revela que o governo argentino aproveitou a ocasião para tentar negociar uma arbitragem internacional que está sendo conduzida devido à queixa do Grupo AES contra a empresa YPF. A discussão é por causa de cortes no fornecimento de gás natural, no período de 2006 a 2008, para a usina de Uruguaiana. Os envolvidos na arbitragem não revelam os valores em questão, entretanto, o jornal espanhol El País, à época em que foi divulgada a ação, mencionava que a indenização pedida chegava a aproximadamente US$ 1 bilhão.
Antunes relata que o governo brasileiro teve que intervir para que os assuntos da volta da geração de energia da térmica e da arbitragem internacional não se misturassem. Sobre novas previsões, ele admite que está com “um pé atrás”, mas acredita que a usina deverá retomar a produção de energia antes do final deste mês. Conforme a assessoria de imprensa da AES Uruguaiana, uma vez confirmado o suprimento de gás natural, a termelétrica estará apta a iniciar a geração de 164 MW (ciclo aberto). Posteriormente, o objetivo é atingir 494 MW (ciclo combinado), no mês de março.
No total, a estrutura tem capacidade instalada de 639 MW (cerca de 16% da demanda média de energia do Rio Grande do Sul). O complexo está “hibernando” desde abril de 2009, por causa da suspensão do fornecimento de gás natural argentino por parte da YPF.
Fonte: Jornal do Comércio (RS)