Após o granizo danificar mais de 450 telhados em Porto Alegre, o volume de chuva começou a causar preocupação. Além de provocar prejuízos nas residências, alagou ruas e até instituições de ensino. Até o início da tarde, 300 famílias receberam lonas nas ilhas, outras 15 na Vila Asa Branca e três na Vila Minuano. Outras 150 haviam sido identificadas para receber também o material.
“Este momento é de profunda solidariedade aos gaúchos e porto-alegrenses atingidos. Trabalhamos com a previsão e a Defesa Civil e a Fasc estão desde o primeiro momento atendendo”, observou o prefeito interino da Capital Sebastão Melo. Ele disse que as medidas tomadas são paliativas, mas a prefeitura articula uma forma de receber doação de telhas, além das que já deveriam ser adquiridas pelo governo municipal. “Orientamos também a distribuição de colchões e outros materiais necessários”, completou.
Por enquanto, tranquilizou Melo, o nível do Guaíba não está preocupante, mas o Centro Integrado de Comando da Cidade de Porto Alegre (Ceic) vem acompanhando. Às 13h desta quinta-feira, a altura do lago na Ilha da Pintada estava em 0,45 metro, o que é considerado baixo. Já no Cais do Porto, era de 1,04 metro, classificado como normal. O alerta só começa quando passa de 0,80 metro nas ilhas e 1,40 metro no Cais.
O coordenador-geral Defesa Civil de Porto Alegre, Ernesto Teixeira, ressaltou que a chuva que caiu na Capital não é o que mais preocupa e sim a água que descerá para a Capital dos cinco afluentes do Guaíba. “A Defesa Civil está preparada, com locais protocolados para abrigarem”, disse.
O possível aumento do nível só deverá ocorrer nos próximos dias. Enquanto isso, a prefeitura se preocupa em atender os atingidos pelo granizo. “Há 30 anos não se via chuva de pedras nesta intensidade. Os moradores não têm lembrança de um volume tão grande de casas atingidas”, observou Teixeira.
A artesã Josinete Machado, 51 anos, que mora na Ilha das Flores, recebeu uma das lonas na quinta-feira, mas a chuva furou o material. Ela passou a madrugada colocando sacolas plásticas com um cabo de vassoura nos buracos. “Quem não tem cão caça com gato”, brincou ao se referir ao improviso. Ela estava preocupada com o risco de enchente. “Já não tenho nada em casa, porque se vou fazer um crediário, posso perder tudo e precisar continuar pagando”, relatou, ao lembrar dos frequentes alagamentos que já destruíram móveis e eletrodomésticos.
A prefeitura conta com doações para levar aos afetados. Um dos pontos de coleta é na avenida Ipiranga 310. O outro é na Defesa Civil, localizada na rua Doutor Campos Velho, 426.
Fonte: Jornal Correio do Povo (RS)