Jefferson Klein O Grupo CEEE promete acelerar os investimentos em sua área de concessão nos próximos dois anos. Nos segmentos de distribuição, transmissão e geração, o montante a ser aplicado pela estatal supera a estratosférica cifra de R$ 2,2 bilhões. Além de atender às necessidades da Copa do Mundo de futebol, a meta da companhia é fortalecer o seu sistema elétrico e diminuir os riscos de que temporais como o de terça-feira afetem tão intensamente o fornecimento de energia para os seus clientes. De acordo com dados da empresa, foram 573 mil unidades consumidoras atingidas (o que totaliza em torno de 2 milhões de pessoas) no primeiro dia do temporal, sendo que na quarta-feira 54,8 mil unidades continuavam sem luz. Foram mobilizadas pela companhia 266 equipes (formadas por grupos de duas a cinco pessoas), com funcionários próprios e terceirizados, para resolverem os problemas “em campo”. O tempo médio de atendimento do 0800 da distribuidora foi de 2 horas e dez minutos no primeiro dia e de 3 horas e dois minutos no seguinte. No caso do temporal, as maiores dificuldades foram verificadas na área de distribuição do grupo, ou seja, nas linhas de baixa tensão, alimentadores etc. Esse setor é justamente o que absorverá mais recursos da companhia. Os investimentos em distribuição foram turbinados depois do temporal. Tanto que, em reunião da Agenda 2020, realizada no dia 6 de dezembro, na Federasul, o representante da CEEE-D manifestava que o segmento de distribuição da companhia absorveria apenas R$ 899 milhões em investimentos, entre 2011 e 2014 (quatro anos), valor que agora foi bastante ampliado. Conforme a assessoria de imprensa da estatal, o número foi atualizado, passando da casa de R$ 1 bilhão já nos próximos dois anos. Os recursos para as melhorias serão provenientes de fontes como a compensação de pagamentos de ex-autárquicos (cerca de R$ 3 bilhões que serão repassados pela União para a estatal) e financiamentos de entidades como Bndes, BID, entre outras. Apesar dos investimentos previstos, o presidente do Grupo CEEE, Sérgio Dias, alerta que, em futuras situações como a de terça-feira, haverá novamente interrupções no fornecimento de energia. “O temporal que aconteceu no Rio Grande do Sul foi totalmente fora de contexto”, lamenta Dias. Ele relata que os ventos chegaram a uma média de 120 quilômetros por hora no Estado, sendo que o parque eólico de Osório registrou picos de 216 quilômetros por hora. O dirigente afirma que ventos acima de 90 quilômetros por hora geram dificuldades para qualquer distribuidora de energia. Uma medida que o Grupo CEEE tomará, para tentar atenuar os riscos, é a troca de postes de madeira por de concreto. Atualmente, a companhia tem cerca de 1 milhão de postes, sendo 70% de madeira e 30% de concreto. O objetivo é inverter esses percentuais, entretanto isso levará no mínimo cinco anos. A ação só não será feita no litoral, devido às condições de maresia. Nessa região será estudada a utilização de estruturas de fibra. Outra iniciativa será a instalação de 11 novas subestações em Porto Alegre até 2014. Até o início da noite desta quinta-feira, havia ainda 15.650 consumidores sem luz na área de distribuição do Grupo CEEE, que atende a 72 municípios. Na Região Metropolitana, o problema se registrava em 9.300 residências (Porto Alegre, Viamão, Alvorada, Guaíba e Eldorado do Sul). Em Pelotas e entorno, 2.400 consumidores estavam sem luz, no Litoral Norte, 2.200, e, em Camaquã e cidades vizinhas, 950. Sérgio Dias admitiu que faltou pessoal (mesmo terceirizados) para resolver as interrupções de uma maneira mais ágil. Contudo, ele reforça que, até mesmo por uma questão das normas reguladoras da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a empresa não pode elevar demais o seu quadro de funcionários. “Não podemos dimensionar a companhia para contingências em função de catástrofes”, explica o dirigente. Essa atitude teria que ser autorizada pela Aneel e seria repassada como custo para a tarifa, sendo paga no final pelo consumidor. O presidente do Grupo CEEE enfatiza que o temporal foi um episódio “complexo” e entende que a falta de energia é algo grave para a população. “Antes da Copa, na metade de 2014, é que a condição realmente será outra, agora temos que enfrentar esses momentos (como o do temporal)”, afirma o dirigente. Ele reitera que, em condições normais, o Rio Grande do Sul não deve passar por grandes problemas neste verão devido ao excesso de demanda. |
Fonte Jornal do Comércio (RS) |