Funcionários da Andrade Gutierrez não aceitaram proposta da construtora e negociações continuam hoje
Rafael Vigna
Um grupo de operários da empresa responsável pelas reformas do Beira-Rio para a realização dos jogos da Copa do Mundo em 2014 resolveu paralisar as atividades no estádio na tarde de ontem. Os funcionários da Andrade Gutierrez (AG), que chegaram a impedir o acesso aos alojamentos dos trabalhadores, estiveram reunidos com representantes da construtora e do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Construção Pesada do Estado (Siticepot-RS) em busca de reajuste de 15% nos salários e de adicional de 100% nas horas extras. Durante o encontro, que terminou sem acordo, também foram pedidos a realização de pagamentos quinzenais, melhorias nos alojamentos e o aumento de R$ 90,00 no vale-alimentação, que passaria de R$ 160,00 para R$ 250,00.
A empresa, por outro lado, se comprometeu apenas com a ampliação do auxílio de R$ 160,00 para R$ 180,00 e a antecipação de 40% dos rendimentos no dia 20 de cada mês, mas os trabalhadores rejeitaram a oferta. Em nota divulgada no final da noite, a Andrade Gutierrez se limitou a considerar a manifestação “um movimento pontual, que já está sendo administrado”. Segundo o texto, o cronograma da reforma não sofrerá alterações, e a data de conclusão é dezembro de 2013.
No entanto, o presidente do Siticepot-RS, Isabelino dos Santos, alega que todos os setores da reforma, ou cerca de 90% dos funcionários, já estiveram parados ao longo do dia. Ele não descarta que o movimento ganhe corpo e resulte em uma greve de maiores proporções. Ainda de acordo com o sindicalista, as negociações serão retomadas a partir de hoje, pois os diretores da AG não apresentaram uma contraproposta à reinvindicação salarial. “Nosso principal pleito é o reajuste dos vencimentos. Queremos 15%, mas não nos foi apresentado um índice. Isso deve ocorrer somente amanhã (hoje)”, declarou o sindicalista após deixar a reunião que durou cerca de 3 horas nos alojamentos dos funcionários.
Já a arquiteta e vice-presidente do Internacional, Diana de Oliveira, afirmou que, após conversar com um dos engenheiros responsáveis pelo canteiro de obras, ouviu o relato de que a manifestação partiu de um contingente de apenas 20 dos cerca de 800 funcionários que atuam atualmente na construção. “Essa área é de encargo da Andrade Gutierrez, entretanto, a construtora nos confirmou que isso não atrapalhará em nada no cronograma”, assegurou a dirigente. A sede oficial do Rio Grande do Sul para as cinco partidas disputadas em Porto Alegre no Mundial do próximo ano está em reformas desde o final de 2010. O acordo com a construtora foi desenrolado em março de 2012. Atualmente, a realização das obras supera os 50% do cronograma previsto.
Fonte: Jornal do Comércio (RS)