Os saudosistas agradecem. Quarenta e três anos depois da desativação do último bonde elétrico, em 1970, a Porto Alegre dos trilhos será reeditada. O assunto ganha força com a conclusão de um levantamento técnico que revelou que a cidade está apta a receber esse tipo de transporte. Os detalhes desse estudo foram revelados na sexta-feira, durante audiência pública realizada na Câmara de Vereadores.
Aspectos que levaram em consideração o trânsito, o trajeto do bonde, o impacto ambiental, o tipo de veículo que será utilizado, bem como a sua alimentação, integram o levantamento que demorou cinco meses para ser finalizado. Com o resultado em mãos, a prefeitura da Capital colocará o projeto em licitação já em janeiro de 2013. O projeto, no entanto, não ficará pronto antes da Copa de 2014, segundo o secretário de Turismo da Capital, Luiz Fernando Moraes. “Temos que reimplantar trilhos ao longo de todo o trajeto. E ainda há a dificuldade de fazer essa obra no Centro da cidade, onde há um grande fluxo de carros. É um trabalho lento e demorado”, afirma o secretário, que estima um prazo entre 12 e 18 meses para a finalização do projeto.
O investimento total na nova atração da cidade, que promete se tornar atração turística, pode chegar a até R$ 25 milhões. Mas o tipo de aporte ainda está indefinido. “Temos diversas modalidades, desde a possibilidade de investimento privado até a possibilidade de recursos do próprio Ministério do Turismo a fundo perdido ou via financiamento”, disse. O aporte deverá ser reembolsado no prazo de oito anos, e o preço para se percorrer os principais pontos turísticos do Centro Histórico sobre trilhos será de R$ 20,00, para uma ocupação de 33% dos 32 assentos mais os espaços reservados para cadeirantes e pessoas obesas.
Mudanças significativas no trânsito de Porto Alegre estão previstas. “A rua Duque de Caxias vai perder todo as vagas de estacionamento do lado direito de quem sobe”, afirma o consultor do consórcio Quanta Consultoria Água e Solo Fernando Meirelles, que informou ainda sobre a necessidade de remoção e poda de algumas árvores. O bonde seguirá um trajeto que tem como partida o abrigo dos bondes da Praça XV de Novembro e como chegada a avenida Otávio Rocha. Estão previstos quatro terminais: no Abrigo dos Bondes, na Usina do Gasômetro, na Praça da Alfandega e outro na Praça da Matriz. Serão dois bondes em circulação, que farão juntos 12 viagens diárias.
Entre as opções de percurso avaliadas, está o de 3,8 quilômetros para a linha turística, com paradas ao longo do trajeto e seis viagens diárias por veículo, de terças a domingos. Já entre as três opções de veículos para a operação, a escolha foi pela restauração de dois bondes originais da Carris, com modernização do sistema de alimentação dos veículos utilizando motores a bateria, de baixo consumo de energia e menor custo que o sistema tradicional, que utiliza cabo aéreo. A ideia de reimplantação dos bondes na cidade partiu da prefeitura, mas teve a população consultada. Os 600 entrevistados deram as diretrizes de como o bondinho deveria ser.
Fonte: Jornal do Comércio/RS