Entre as dez capitais mais populosas do Brasil, Porto Alegre foi considerada a cidade menos violenta no trânsito. A Capital tem uma média de 11,7 mortes para cada grupo de 100 mil habitantes. Os dados constam do estudo Retrato da Segurança Viária, elaborado pelo Observatório Nacional de Segurança e Falconi Consultores de Resultado, divulgado nesta segunda-feira. A Capital tem menos da metade dos óbitos das líderes em violência: Recife (34,7), Fortaleza (27,1) e Belo Horizonte (22,5). Famosa pelo trânsito complicado, São Paulo ficou logo atrás de Porto Alegre, com média de 11,8 mortes por 100 mil habitantes. O relatório leva em conta as mortes ocorridas de 2001 a 2012.
Se a Capital gaúcha tem um tráfego razoavelmente calmo, a região Sul do país não acompanha a tendência. Segundo o estudo, ela é a segunda com maior número de óbitos em acidentes de trânsito, com 27,6 mortes por 100 mil habitantes. Os três estados do Sul ficam abaixo apenas da região Centro-Oeste, que soma 31,8 óbitos.
Um dado preocupante no estudo é o crescimento de mortes com motocicletas. Foi feito um levantamento dos dados de 2012, que indicaram um aumento de 140% nas mortes de motociclistas. A tendência começou em 2010. Para o professor de transportes da Faculdade de Engenharia da UFRGS, João Fortini Albano, os condutores desse tipo de veículo são muito vulneráveis. Geralmente, são motoboys que trabalham com prazos e tendem a acelerar mais e andar no meio dos carros. “O perfil é de direção perigosa, sempre no limite”, analisa Albano. “Este comportamento exige maior fiscalização e uma formação melhor, com exames e aulas em cenário real”, comenta.
Segundo o diretor-presidente do Detran-RS, Ildo Mario Szinvelski, a autarquia gaúcha enviou sugestões ao Denatran e à Associação Nacional dos Detrans para a qualificação de motociclistas. “Acreditamos que a formação deveria ocorrer em duas etapas”, afirma. “Uma em espaço fechado, como é atualmente, e outra no espaço real, além do uso de simuladores”. No entanto, Szinvelski acredita que o principal meio para uma mudança é a conscientização da população. “Todo acidente é precedido por uma infração”.
A análise apontou que o trânsito é a 8ª causa de morte no mundo. Os números aumentam a cada ano. No Brasil, 45,7 mil pessoas morreram nas estradas e ruas em 2012 e 177,4 mil ficaram feridas. O gasto do país em decorrência dos acidentes foi de R$ 16 bilhões. No RS, o custo atingiu a cifra de R$ 653 milhões. A cidade gaúcha com a maior taxa de mortes por 100 mil habitantes é Soledades, com índice de 79,8. Alvorada tem o número mais baixo, com 3,5.
Dados do Detran gaúcho, de 2014, revelam que o número de mortes teve uma elevação de 1,9% em relação a 2013. Elas passaram de 1.985 para 2.023. Neste período, a variação não acompanhou o crescimento da frota (6,6%) e do cadastro de condutores, que apresentou um crescimento de 3,7%. Os jovens continuam sendo as vítimas mais vulneráveis. Enquanto a faixa etária dos 18 a 39 anos representa 34% da população, ela é responsável por 43% das vítimas de trânsito. Pelo menos um terço dos acidentes, em 2014, ocorreu entre 18h e meia-noite. Quase 40% dos óbitos aconteceram nos finais de semana.
Fonte: Jornal Correio do Povo (RS)