O ano mal começou e o custo de vida do brasileiro subiu desproporcionalmente à renda. Em janeiro, a inflação teve variação de 1,24% e ficou 0,46 ponto percentual acima da taxa de dezembro, de 0,78%, segundo divulgou o IBGE na sexta-feira. Essa foi a taxa mais elevada do índice dos últimos 12 anos. Já o resultado acumulado em 12 meses é de 7,14%, a maior taxa desde setembro de 2011. A inflação de janeiro de 2014 havia fechado em 0,55%.
Os principais responsáveis pelo salto do índice foram os aumentos nos gastos com alimentação, energia elétrica e transportes, que são produtos de uso generalizado da população. “Isso afeta a vida de todas as pessoas, pois todo mundo consome esses produtos. Quando sobe o preço do cigarro, nem todos são afetados, apenas os fumantes. Quem não come cebola, também não é afetado pela alta do item”, explica o economista Marcelo Portugal, que leciona na Universidade Federal do RS (Ufrgs). Ele aponta que fevereiro será um mês igualmente ruim para a economia. Na lista de novos reajustes constam mensalidades escolares, transporte público e mais um incremento na luz.
Os economistas estão pessimistas quanto ao cumprimento da meta da inflação para este ano. O mercado financeiro prevê que o índice fique acima do teto da meta estipulada, que é de 6,5%. O temor aumenta com a perspectiva de baixo crescimento da economia do país. “Poderemos ter uma inflação que chega ao dobro do ano passado, que foi de 6,41%”, aponta Portugal. A expectativa de que o percentual de janeiro ficasse acima de 1% se confirmou sexta-feira. “Se tivermos mais 12 meses como janeiro, poderemos ter uma inflação da ordem de 13% este ano. Enquanto isso, ninguém teve ou terá reajuste salarial superior a 8%. Todos vamos perder renda.”
Para o economista e professor da Pontifícia Universidade Católica do RS (PUCRS) Alfredo Meneghetti Neto, a população necessita adotar medidas de ajuste no dia a dia para não desequilibrar seu orçamento no final do mês. “Quem não fizer um ajuste terá sérios problemas para fechar as contas, porque vivemos uma economia de guerra.” Ele sugere que as pessoas diminuam os gastos com lazer, itens de consumo variável, como eletrodomésticos, e evitem compras por impulso ou fora de um planejamento. O endividamento também deve ser evitado, devido ao aumento nos juros. “As pessoas devem se concentrar para pagar os itens fixos, como a conta de luz, aluguel e itens de subsistência, que precisam ser respeitados”, aconselhou.
Fonte: Jornal do Correio do Povo (RS)