O número de concluintes de graduação no Brasil caiu 5,9% entre 2012 e 2013, de acordo com dados do Censo da Educação Superior, divulgados nesta terça-feira (9) pelo MEC (Ministério da Educação).
Em 2013, 991.010 estudantes finalizaram seus cursos contra 1.050.413 no ano anterior. Nos últimos 11 anos, esta é a primeira vez que o volume de universitários formados diminui apesar da tendência de aumento do número de matrículas e expansão do setor.
Entre os concluintes, 229.278 (23%) estudantes eram da rede pública, ou seja, eram alunos das redes federal, estadual e municipal. Os outros 761.732 (77%) frequentaram o ensino particular.
Os graus acadêmicos que apresentaram o maior índice de queda na graduação foram o bacharelado (7,1% – com 42 mil pessoas a menos) e a licenciatura (11,1% – com 22 mil concluintes a menos) no período.
Já os cursos tecnológicos (194.962 concluintes) apresentaram leve crescimento de 3%, com 5.927 concluintes a mais do que em 2012.
O número de formandos das instituições de ensino privadas recuou 6,7% (51.135 concluintes a menos que em 2012). Na rede pública a queda foi de 3,6% (8.268 universitários a menos com diploma).
Para o professor João Cardoso Palma Filho, da Unesp (Universidade Estadual Paulista), podem haver duas explicações para esses resultados: os alunos estão demorando mais para se formar e não entram nos números de concluintes ou eles estão sem dinheiro para continuar os estudos — no caso dos estudantes da rede particular.
Segundo ele, para compreender melhor os motivos dessa queda é preciso comparar os dados do Censo da Educação Superior com informações relacionadas à evasão universitária, ao índice de repetência e aos dados econômicos do aluno.
Além de docente, Palma Filho é membro da comissão de avaliação do Sinaes (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior) do Ministério da Educação e participa do Conselho Estadual de Educação de São Paulo.
Durante entrevista coletiva concedida na tarde desta terça-feira, o ministro Henrique Paim não soube explicar a queda do número de concluintes. “Precisamos de mais detalhes para analisar, cruzar [os dados do Censo] com as nossas medidas de supervisão, verificar. Ainda não temos uma resposta em torno dessa questão. De fato, ocorreu [uma queda], mas temos uma manutenção do crescimento das matrículas”, disse.
Durante a noite, o MEC informou que 97% do número de concluintes se concentrava em 14 instituições sob supervisão do MEC.
O número de estudantes que ingressaram no ensino superior no primeiro semestre também apresentou recuo. Em 2012, foram registrados 2.747.089 inscrições e no ano passado reduziu para 2.742.950. “É natural que esse ritmo [de crescimento] não ocorra no mesmo nível do que acorreu na primeira década”, disse Paim.
Já o número total de alunos em cursos de graduação cresceu em comparação ao ano anterior. Em 2013, o país registrou 7.305.977 de matrículas, representando alta de 3,6%. Em 2012, houve 7.037.688 inscrições no ensino superior brasileiro.
As vagas do ensino superior brasileiro ainda são predominantemente da rede privada, com 5.373.450 matrículas (73% do total) e com 2.211.104 ingressantes (80% do total).
No ano passado, 81% dos matriculados optaram por cursos presenciais e 19% escolheram a modalidade EAD — Ensino a Distância.
Apesar da diferença, a segunda opção registrou crescimento de 15,7% no volume de matrículas de graduação em relação a 2012, com um total de 1.153.572 inscrições.
Nos últimos 11 anos os cursos na modalidade EAD cresceram 24 vezes, de acordo com o levantamento. De 52 oferecidos em 2003, eles somaram no ano passado 1.258 cursos. Destes, 240 foram bacharelado, 592 licenciatura e 426 tecnológico.
O levantamento mostra também que 90% dos cursos a distância são oferecidos nas universidades, representando 71% das matrículas na modalidade EAD.
Bruna Souza Cruz
Do UOL, em São Paulo