Um dos profissionais da imprensa agredidos na porta do Presídio de Bangu enquanto aguardavam a saída de manifestantes presos procurou a polícia nesta sexta-feira (25) para prestar queixa por agressão. O cinegrafista Tiago Ramos foi atacado por um grupo que esperava a libertação dos três denunciados. Ao cair no chão ele torceu o tornozelo. Em entrevista ao RJTV ele contou como aconteceu a agressão.
Em nota, a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) manifestou repúdio à agressão sofrida pelo profissional. Segundo aentidade, é preocupante que aqueles que clamam por liberdade e dizem atuar em nome dela busquem ações para impedir a livre atuação da imprensa na investigação de fatos de interesse público. A associação pede a apuração do caso e punição aos autores da agressão.
Hostilizados em seu próprio sindicato
Nesta sexta-feira (25) o Sindicato dos Jornalistas do Rio de Janeiro convocou uma entrevista coletiva, que, no entanto, acabou não acontecendo. A sede da entidade foi palco de um encontro promovido por duas ONGs para discutir as violações de direitos humanos nas manifestações de rua do Rio. Entre os participantes do encontro estavam Elisa Quadros, conhecida como Sininho, e parentes de outros investigados por atos violentos em protestos.
Sininho e os pais de manifestantes criticaram a polícia e a imprensa. Disseram que não podem ser tratados como criminosos. Repórteres tentaram fazer perguntas, mas foram impedidos, hostilizados e ameaçados pelo grupo, que dizia: vocês vão nos pagar. Os repórteres e cinegrafistas tiveram de se retirar do Sindicato dos Jornalistas do Rio.
As três pessoas libertadas nesta quinta-feira (24), quando ocorreram as agressões na saída do presídio de Bangu contra os profissionais da imprensa, estão entre os 23 denunciados pelo Ministério Público por atos violentos em protestos. Eles tiveram a prisão preventiva decretada pela justiça por associação criminosa para a prática de delitos como depredação do patrimônio público e privado, lesões corporais e posse de artefatos explosivos.
Deixaram a cadeia Igor D’Icaray, Camila Jourdan e Elisa Quadros, beneficiados por um habeas corpus. Os três ficaram presos durante 13 dias. Permanecem presos Caio Silva e Fábio Raposo porque respondem também pela morte do cinegrafista da bandeirantes, Santiago Andrade, em fevereiro deste ano.
A denúncia entregue à Justiça foi baseada em e-mails, escutas telefônicas feitas com autorização judicial, e em depoimentos de 36 testemunhas. A polícia do Rio diz que oito desses depoimentos foram muito importantes para a investigação.
Fonte: G1/RJ