Não mais se questiona a participação da mulher nos órgãos de direção da vida pública, pois muitas mulheres no mundo são chefes de Estado. Não mais se questiona a participação da mulher na chefia de empresas e instituições econômicas; são muitas as executivas que dirigem empresas multinacionais, instituições, como o FMI e a Petrobras. Também não se questiona mais a importância da participação das mulheres no mundo científico e social. São incontáveis os exemplos da contribuição decisiva do sexo feminino no desenvolvimento social, político, econômico, científico e acadêmico. A nossa OAB, entretanto, tem se mostrado tímida quanto à participação da mulher nas instâncias de decisão. Tivemos uma única mulher a dirigir esta instituição ao longo de 80 anos de existência.
A compreensão de que a mulher é igualmente capaz de contribuir para a coordenação dos interesses da classe não chegou à nossa instituição de classe. No entanto, a participação da mulher é comprovadamente benéfica para uma organização, seja do ramo que for, pelas características que se traduzem num elevado grau de inteligência emocional, senso prático, habilidade de desenvolver vários trabalhos ao mesmo tempo, visão abrangente dos fatos e dos problemas, além da capacidade natural de cuidar e agregar.
Estas características contribuem para o crescimento harmônico da instituição, facilitam o trabalho de equipe e o sentimento de união e pertencimento. Hoje, são mais de 50% as advogadas mulheres no Rio Grande do Sul, mas elas não se sentem na OAB. São meras contribuintes que não foram chamadas à participação. Precisamos mostrar que nossa Ordem é composta de homens e mulheres, advogados e advogadas, com igual poder de decisão. Somente assim teremos uma OAB para todos, uma Ordem democrática. A ausência da mulher nas instâncias de decisão e nos órgãos de direção é um desnível na balança da igualdade. A mulher mostrou que já conquistou o poder econômico para atuar em igualdade de condições. Precisa, agora, romper a barreira da intolerância. Está na hora de termos o nosso reconhecimento.
Carmelina Mazzardo
Advogada e Presidente da Comissão Permanente da Mulher Advogada