A médica hematologista Lúcia Silla alertou nesta quinta-feira (14), em palestra na Câmara Municipal, para a alta incidência de anemia entre mulheres e crianças no Rio Grande do Sul. Segundo ela, os números registrados no Estado são piores que os do Nordeste brasileiro. A médica disse que 44,2% das crianças gaúchas têm anemia, sendo que 72% têm menos de dois anos de idade. Entre as mulheres em idade fértil, por exemplo, 65% delas, que vivem na região Sul, têm anemia.
A palestrante abordou dois tipos de anemia: a falciforme e a nutricional. A falciforme, conforme ela, atinge principalmente a população negra e decorre de um defeito no glóbulo vermelho que vai obstruindo os vasos sanguíneos em todo o corpo. As complicações incluem a artrite, que atinge ossos dos pés e das mãos, causando dores intensas que exigem internação. Ao longo do tempo, porém, os problemas de saúde aumentam, levando o doente à morte. A detecção da doença e o tratamento precoce são as principais armas para combatê-la.
Em relação à nutricional, a hematologista citou estudos segundo os quais filhos de mulheres anêmicas na gestação têm alto comprometimento intelectual para o resto da vida. “A anemia intraútero gera indivíduos comprometidos, com QI baixo para sempre. Estas crianças não têm possibilidade de se desenvolver intelectualmente. Não adianta, portanto, investir em educação se não houver comida boa para as crianças”, afirma, segundo nota divulgada à imprensa.
Para Lúcia, é preciso que os órgãos de saúde foquem sua atenção na mulher fértil anêmica, sobretudo nas negras. Defendeu ainda campanhas de informação, inclusive entre os médicos, que, segundo ela, conhecem muito pouco sobre a anemia. “É preciso evitar leite de vaca, que é muito bom para terneiros, e alimentos como o espinafre, que suga todo o ferro existente no suco gástrico e o leva diretamente para as fezes”, apontou.
Fonte: Jornal do Comércio (RS)