Primeira etapa prevê investimentos de R$ 150 milhões pelo consórcio PCMB na restauração de 11 armazéns
Após três décadas de expectativas, uma visita oficial deu início na tarde de ontem às obras de revitalização do Cais Mauá. Acompanhado do secretário-chefe da Casa Civil, Carlos Pestana, o prefeito de Porto Alegre, José Fortunati, inspecionou os trabalhos de limpeza realizados por cerca de 20 operários nos primeiros dois galpões. A primeira etapa prevê investimentos privados da ordem de R$ 150 milhões, destinados à restauração do conjunto de 11 armazéns cedidos ao consórcio vencedor da licitação realizada em 2010 para a exploração comercial do espaço.
Pelo contrato com validade de 20 anos, o consórcio Porto Cais Mauá do Brasil (PCMB) pagará R$ 3 milhões anuais ao governo do Estado, ou 1,7% dos lucros operacionais do projeto que contempla a construção de um shopping center, ao lado da Usina do Gasômetro, um edifício garagem, três torres comerciais, na altura da Estação Rodoviária, e um hotel-boutique próximo ao pórtico central onde está localizada atualmente a sede da Superintendência de Porto e Hidrovias (SPH).
No canteiro de obras, em meio à movimentação das máquinas que retiravam escombros dos armazéns, o secretário da Casa Civil fez questão de ressaltar a inexistência de recursos do orçamento do munícipio e do Estado envolvidos no modelo de Parceria Público-Privada (PPP). “Não há um tostão de investimento público. Do meu ponto de vista, essa etapa de revitalização é a mais importante, pois recria um cartão postal esquecido e gera um espaço único de entretenimento que, com certeza, será muito bem aproveitado pela população gaúcha”, declarou Carlos Pestana.
Na avaliação do prefeito José Fortunati, além do incremento na arrecadação de tributos municipais e da geração de novos postos de trabalho, o novo cais será responsável por um processo de revitalização de outras regiões centrais da cidade. “Estamos do lado de cá do muro, mas algo desta magnitude tem o condão de propiciar que os investimentos ultrapassem os limites do muro. Tenho certeza de que em menos de cinco anos toda essa área do Centro Histórico ganhará uma nova cara. A população vai usufruir deste espaço de maneira permanente, pois a ideia é que tenhamos aqui empreendimentos que funcionem 24 horas por dia”, afirmou.
Depois de atrasos nos licenciamentos ambientais, o espaço deixou de frequentar a lista de melhorias pretendidas para a Copa do Mundo. Entretanto, a instalação efetiva do canteiro de obras reanimou as expectativas. Agora, a ideia é terminar pelo menos dois armazéns até maio de 2014, em tempo hábil para a abertura durante os jogos do Mundial em junho. “Este será um esforço do empreendimento, e não um compromisso da cidade. O acordo prevê, sim, que em 12 meses os armazéns estejam prontos e entregues à população de Porto Alegre”, considerou.
Após a conclusão da revitalização dos 11 armazéns, prevista para outubro de 2014, o Consórcio Porto Cais Mauá do Brasil dará início à construção dos empreendimentos que efetivamente darão a sustentação financeira aos investimentos. De acordo com Ademir Schneider, já estão em análise os estudos para constituição de três fundos de investimento equity para financiar um shopping center, um edifício-garagem e três torres comerciais.
A proposta de viabilidade das edificações no espaço – estimadas em mais de R$ 600 milhões – deve ser entregue ao município até maio do próximo ano. A expectativa é de que as obras sejam finalizadas apenas em 2017.
Apenas com a totalidade do novo complexo em pleno funcionamento será possível atingir a meta de repassar o equivalente a 1,7% da receita operacional ao pagamento do contrato de cedência da área do Cais Mauá.
“Temos um estudo criterioso de demanda que indica condições de superar essa perspectiva já no primeiro ano depois da conclusão. Não há recurso a fundo perdido no projeto, que será financiado inteiramente por grupos de investidores que querem um retorno efetivo sobre cada valor aportado”, comenta.
Uma reunião entre o consórcio Porto Cais Mauá do Brasil (PCMB) e a construtora Procon agendada para amanhã definirá a possibilidade de conclusão de alguns dos espaços antes do início da Copa do Mundo. Segundo o presidente da PCMB, Ademir Schneider, mesmo com um atraso de mais de seis meses na instalação do canteiro de obras, o interesse de mais de dez empresas na conclusão de três armazéns antes do Mundial de 2014 justifica uma eventual aceleração do ritmo.
A ideia, segundo Schneider, era trabalhar de maneira idêntica nos 11 armazéns. No entanto, o consórcio avalia a possibilidade de concentrar os esforços iniciais em três galpões. Um das estratégias é manter o projeto do Grupo Vonpar para instalação de uma minifábrica da Coca-Cola. A empresa chegou a afirmar em agosto que reavaliaria a intenção, caso a revitalização não fosse concluída antes de junho.
“Acreditamos que a Vonpar manterá o projeto e temos um estudo para adequar os melhores segmentos para essa primeira etapa. Com certeza, teremos outro dos galpões ocupado por um empreendimento gastronômico”, revela.
O encontro desta semana também servirá para bater o martelo sobre a integração do muro da Mauá à planta arquitetônica do novo complexo. “O muro não pode ser derrubado, mas teremos novidades que serão anunciadas em breve. O que se pode dizer é que o muro deixará de ser uma barreira para se tornar um grande atrativo à população”, afirma.
Fonte: Jornal do Comércio (RS) – Rafael Vigna