Concessionária inicia aplicação das novas tarifas a partir desta sexta
Jefferson Klein
O reajuste concedido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para a Companhia Estadual de Distribuição de Energia Elétrica (CEEE-D) espantou os especialistas do setor elétrico devido aos números elevados. A concessionária gaúcha aplicará, a partir desta sexta-feira, um aumento de 13,3% para a classe residencial, de 13,45% para a comercial (abaixo de 2,3 kV de tensão) e de 16,61% para a industrial (de 2,3 kV a 230 kV). O efeito médio para todos os consumidores da empresa foi de um incremento de 14,57%.
“Não há explicação, a CEEE-D deu um pulo”, afirma o diretor da Siclo Consultoria em Energia Paulo Milano. O consultor diz que a expectativa era de um aumento de 6% a, no máximo, 8%. O dirigente frisa que os índices são mais do que o dobro da inflação.
No ano passado, a CEEE-D submeteu-se ao processo de revisão tarifária e não de reajuste. A revisão tem como principal objetivo analisar, após um período previamente definido no contrato (geralmente de quatro anos), o equilíbrio econômico-financeiro da concessão. No último reajuste da CEEE-D, aprovado em 2011, a classe residencial teve um aumento de 7,6% e a industrial de 8,23%.
Em relação às outras grandes distribuidoras gaúchas de energia, em 2012, para a RGE o reajuste residencial foi de 3,52% e o industrial de 3,22%. Já para a AES Sul foi de, respectivamente, 5,31% e 5,98%. Como comparação mais atual, para a companhia paulista Bandeirante Energia, que atende a um número de consumidores semelhantes ao da CEEE-D, a Aneel permitiu, ontem, um reajuste de 6,72% para o cliente residencial e de 4,5% para o industrial. A CEEE-D atende a cerca de 1,5 milhão de unidades consumidoras localizadas em 72 municípios do Rio Grande do Sul.
Milano lembra que a RGE sempre registrou tarifas superiores; no entanto, as da AES Sul sempre foram muito parecidas com as da CEEE-D, que verificava valores que poderiam ser considerados “baratos”. “Mas, não justifica (a intensidade do aumento), para o cliente interessa quanto ele pagava e quanto terá que pagar”, aponta o diretor da Siclo.
De acordo com Milano, o reajuste onerará demais as empresas que compram energia da
CEEE-D. A energia para a indústria de transformação do plástico, por exemplo, representa cerca de 20% do custo de produção.
Fonte: Jornal do Comércio (RS)