Mais da metade dos adultos brasileiros tem conta bancária, mas apenas dois em cada dez economizam dinheiro.
Segundo o jornal “Folha de S.Paulo”, um relatório do FMI (Fundo Monetário Internacional) e do Banco Mundial, que acaba de ser divulgado, destaca os aspectos positivos da maior inclusão financeira no Brasil.
Entretanto, mostra preocupação com a baixa poupança e com os riscos do endividamento, principalmente da população de renda baixa.
A fatia da população com acesso a contas bancárias, de 56% no Brasil, supera a média de 39% na América Latina e a parcela verificada na maioria dos emergentes.
Apesar disso, em 2011, apenas 21% dos brasileiros informaram ter poupado algum dinheiro no ano anterior. Apenas metade disso em bancos.
O relatório enfatiza que países com renda semelhante à brasileira têm o dobro do nível de poupança formal. “Produtos de crédito expandiram-se mais rapidamente e se tornaram mais difundidos do que os de poupança, criando potencial para níveis de endividamento pouco saudáveis”, diz o documento.
O Fundo e o Banco Mundial elogiam, no entanto, os esforços que o governo brasileiro têm feito na educação financeira da população.
MAIOR BANCARIZAÇÃO
A forte expansão da inclusão financeira motivou as instituições a estudar o Brasil.
O relatório destaca que todas as cidades do país contam com algum acesso formal a serviços financeiros.
Os fatores citados para a maior bancarização no país são o crescimento da rede de correspondentes bancários, a expansão do microcrédito e o aumento da renda da população mais pobre.
A inclusão, afirma a nota, tem dado à população acesso a operações bancárias básicas e a linhas de crédito.
De acordo com Sérgio Odilon dos Anjos, chefe do Departamento de Regulação do Sistema Financeiro do Banco Central, além dos benefícios aos clientes, a bancarização tem ajudado a aquecer a economia das cidades menores. E tende a contribuir para elevar a poupança.
“É mais fácil estimular a poupança quando as pessoas estão bancarizadas. É o que esperamos que aconteça”.
O professor do Insper Ricardo Rocha observa que o consumo ficou represado no Brasil durante anos, com a hiperinflação, o mercado fechado a produtos importados e a restrição de renda da população. Contornadas as barreiras, houve uma corrida às compras, amparada por farta oferta de crédito.
Entretanto, ele nota que mais recentemente o apelo do consumo tem refluído. “O tranco da inadimplência deixou as pessoas mais preocupadas em poupar.”
Além de dar mais segurança aos consumidores, o aumento da poupança é recomendável, diz o especialista, para ampliar os investimentos no país e impulsionar o crescimento econômico.