Brasília – Os protestos pelo País atingiram 12 capitais, reuniram mais de 215 mil pessoas e tiveram cenas de violência em sete delas: Rio, Belo Horizonte, São Paulo, Brasília, Porto Alegre, Maceió e Curitiba.
Eles reuniram a maior quantidade de manifestantes desde a mobilização dos caras-pintadas pelo impeachment do presidente Fernando Collor, em 1992.
Embora tenha havido atos que concentraram mais gente desde então, não tinham esse caráter de protesto.
As manifestações desta segunda (17) carregaram diversas bandeiras além de questionar as tarifas do transporte coletivo – da ética na política a investimentos em saúde, contra a corrupção e contra gastos da Copa de 2014.
Muitos políticos foram alvos de repúdio, como a presidente Dilma Rousseff (PT), os governadores Sérgio Cabral (PMDB-RJ) e Geraldo Alckmin (PSDB-SP) e o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT-SP).
Na Esplanada dos Ministérios, houve ocupação do teto do Congresso. Sedes do Executivo ou Legislativo também foram alvo em São Paulo, Porto Alegre, Rio e Curitiba.
Apesar de as manifestações terem sido pacíficas em parte das 12 capitais, cenas de caos chamaram a atenção principalmente no Rio.
O ato na capital fluminense reuniu 100 mil pessoas e teve um dos confrontos mais violentos do país – com invasão da Assembleia, veículos incendiados e depredados.
Em Maceió, um adolescente de 16 anos foi atingido no rosto por um tiro. Hospitalizado, tinha estado estável à noite. O disparo, segundo a polícia, foi feito por um motorista que tentou furar um bloqueio dos manifestantes.
Em Belo Horizonte, a marcha rumo ao Mineirão, onde Nigéria e Taiti se enfrentaram pela Copa das Confederações, reuniu 15 mil pessoas.
Um grupo furou um bloqueio nas proximidades da UFMG e foi recebido com gás lacrimogêneo e balas de borracha. Manifestantes jogavam pedras.
Gustavo Magalhães Justino, 18, caiu de um viaduto e teve que ser hospitalizado.
Em Porto Alegre, um ônibus foi queimado, houve dezenas de lojas depredadas e saques em um escritório do Estado. Um confronto com a Brigada Militar (a PM gaúcha), que usou bombas de gás lacrimogêneo, ocorreu após a depredação de uma concessionária de veículos.
Em São Paulo, a travessia por balsas entre Santos (SP) e Guarujá (SP) chegou a ser interrompida por uma hora.
Com o mote “Não são apenas 0,20 centavos”, além de se posicionar contra o preço do transporte público, os protestos criticaram a condução da política brasileira, a corrupção, os gastos públicos com as obras para as copas das Confederações e do Mundo de 2014.
As manifestações começaram a tomar corpo na última semana após as ações da Polícia Militar (PM), em São Paulo, que reagiram aos manifestantes contrários ao aumento da tarifa de transporte público na capital paulista. O episódio levou a Defensoria Pública do Estado de São Paulo a questionar a atitude da PM.
Exterior
Atos de apoio também se espalharam por outras cidades do mundo – o principal deles em Nova York.
Cerca de 300 manifestantes se reuniram e dividiram espaço, na Union Square, com apoiadores dos protestos na Turquia.
Também se uniram ao evento brasileiro participantes do Occupy Wall Street, movimento que faz críticas ao capitalismo há dois anos.
Fonte: Folha de S.Paulo e Agência Brasil