O smartphone deixou de ser apenas um computador portátil no seu bolso: ele se tornou o controle remoto de sua vida. Você quer apagar as luzes da sala, abrir a porta da frente ou saber como anda sua pressão? Isto já pode ser feito por meio de aplicativos de celulares que funcionam com acessórios embutidos com sensores ou uma conexão à internet.
Há muito tempo as empresas de tecnologia prometem o sonho da casa conectada, do corpo conectado e do carro conectado. Estas conexões sempre se revelaram ilusórias. Mas, no ano passado, aplicativos proporcionaram o mecanismo para essas conexões. Isto ocorre porque os smartphones se tornaram aparelhos dos quais as pessoas não mais se separam. Mas também porque os sensores sem fio hoje são menores, mais baratos e estão em todo lugar.
As grandes companhias com grandes marcas promovem intensamente os novos usos desses aparelhos. A General Motors anuncia seu Chevy Malibu Eco com um homem que mostra aos pais como ligar o motor do carro com um smartphone. Um dos principais atrativos do termostato Nest é sua capacidade de acender a caldeira a quilômetros de distância com um celular.
A ideia de um aparelho que permite desligar as luzes com um smartphone leva a pensar em mais uma engenhoca, mas os consumidores estão cada vez mais interessados nos aplicativos, segundo Bill Scheffler, diretor de desenvolvimento do Z-Wave Alliance, um consórcio de empresas que fabricam aparelhos elétricos conectáveis.
A situação se assemelha à da época em que as janelas elétricas começaram a ser usadas nos automóveis, ou os fabricantes de televisores passaram a oferecer o controle remoto. “As pessoas comentavam: ‘Para que todo mundo quer um controle remoto para a TV se basta levantar e mudar de canal?” observou. “O progresso é isto.” Companhias como a AT&T, Black & Decker e Honeywell já vendem produtos conectados a aplicativos.
A AT&T, que oferece conexão sem fio, anunciou que começará a vender em março um sistema de segurança chamado Digital Life, que permitirá que as pessoas usem tablets ou telefones para monitorar câmeras, alarmes e até mesmo cafeteiras. Ralph de la Vega, diretor da AT&T Mobility, disse que a segurança da casa é uma grande oportunidade para aumentar o faturamento. Hoje, somente 20% das casas americanas dispõem de sistemas de segurança – logo, há um vasto mercado a ser explorado.
‘Kit’ de conexão. A Ingersoll Rand, que fabrica produtos industriais, oferece um kit básico e software para as pessoas conectarem suas casas. Inclui uma fechadura, um interruptor de luz e uma “ponte” sem fios, ou estação-base, para conectar os aparelhos à web. Eles podem ser controlados com um aplicativo para smartphone ou tablet chamado Nexia Home Intelligence.
Os clientes pagam uma taxa de pelo menos US$ 9 ao mês pela assinatura, podendo comprar os aparelhos e a estação-base separadamente. Os produtos de várias outras companhias utilizam os sensores de um smartphone e a conexão à internet para monitorar a saúde dos consumidores.
A iHealth vende monitores para checar a pressão sanguínea com um aplicativo. Na feira de eletrônica CES, em Las Vegas, lançou um medidor de glicose sem fios, o Smart Glucometer, que permite que os diabéticos afiram o nível de açúcar no sangue. O usuário coloca uma amostra de sangue numa fita de teste e a introduz num acessório preso a um smartphone – e um aplicativo faz a leitura do nível de açúcar no sangue.
Os produtos da iHealth já apareceram nas lojas da Apple, Target e BestBuy. As operadoras de planos de saúde também poderão adotar produtos para monitoramento. Adam Lin, gerente geral da iHealth, disse que a companhia está conversando com duas seguradoras para estudar o eventual fornecimento dos seus produtos aos pacientes, o que contribuiria para reduzir as visitas dos médicos.