Desde os primórdios da humanidade, o convívio social que iniciou em bandos, tribos, pequenas comunidades até chegar ao mundo globalizado contemporâneo, originou no ser humano uma necessidade de adaptação aos costumes da sua época, incluindo certos padrões de comportamento, de cultura, de hábitos e, consequentemente, de estética e de beleza. Em outras palavras, o conceito de beleza muda conforme o contexto social e a época em que vivemos, bastando observar, por exemplo, modelos nuas retratadas em quadros renascentistas que seriam consideradas quase obesas se comparadas às silhuetas bem mais esguias e musculosas das mulheres atuais, reconhecidas como belas.
O Prof. Dr. Ivo Pitanguy, na sua obra “Direito à beleza”, emite o conceito de que a beleza não é perfeição estética física, mas um equilíbrio entre corpo, mente e espírito, uma sensação de bem-estar e conformidade entre o indivíduo e sua autoimagem que lhe permite conviver bem consigo mesmo e, consequentemente, com os outros. A cirurgia plástica tem um papel fundamental nesse processo e, se conduzida adequadamente, é um ramo da Medicina que pode transformar significativamente a vida de uma pessoa, devolvendo-lhe a tão almejada autoestima.
A enorme competitividade do mundo de hoje, os grandes avanços na área da cirurgia plástica, bem como de procedimentos estéticos não cirúrgicos, como os preenchimentos faciais, aliados ao progresso vertiginoso do acesso à informação, têm proporcionado uma busca desenfreada de pessoas, cada vez mais jovens, que buscam a “aparência ideal”. As próteses de silicone utilizadas para aumento e/ou modelagem dos seios e glúteos têm sido cada vez mais solicitadas pelas pacientes e, com as técnicas atuais, trazem resultados realmente muito naturais e gratificantes. Os preenchimentos faciais com ácido hialurônico são alternativas boas e seguras para pacientes que desejam pequenas correções nos sulcos da face em pequenas rugas ou aumentar um pouco os lábios.
Os problemas aparecem quando esses procedimentos são realizados por profissionais sem a formação correta (membros da sociedade brasileira de cirurgia plástica), quando se banalizam os procedimentos, realizando-os em ambientes sem estrutura e utilizando próteses de qualidade duvidosa ou materiais inadequados como o PMMA (ver matéria do Fantástico a respeito),que podem ocasionar complicações graves e danos irreversíveis.
A beleza no seu sentido amplo deve e pode ser, ao invés de um privilégio de poucos um direito de todos, assim como a vaidade, na medida certa do equilíbrio, é altamente positiva na busca do bem-estar físico e psíquico, mas, se ignorados o bom senso e uma relação médico paciente sólida construída com base na confiança e transparência, esse custo pode ser bem caro e o resultado frustrante.
Dr. Pedro Alexandre
Cirurgião Plástico