Segundo índice FipeZap, preços em Porto Alegre aumentaram 5% entre julho e janeiro; média nacional foi de 2%
Fernando Soares, de São Paulo
O mercado imobiliário em Porto Alegre está na contramão do movimento constatado em uma série de cidades brasileiras. Enquanto algumas localidades apresentam desaceleração na demanda por imóveis, a Capital gaúcha segue em ritmo crescente. De julho de 2012 a janeiro, o preço médio do metro quadrado no município atingiu a marca de R$ 4.303,00. Isso significa uma valorização real, descontada a inflação, de 5%. O resultado fica acima do desempenho nacional no período, com incremento de 2%. A expansão porto-alegrense foi a maior do Brasil, ao lado de Niterói, no Rio de Janeiro, de acordo com o Índice FipeZap.
Em seminário realizado ontem em São Paulo, Porto Alegre foi oficializada como uma das nove novas cidades a integrarem a pesquisa. A partir de agora, a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) e o Zap Imóveis irão acompanhar mensalmente a variação dos preços dos imóveis anunciados na Capital. E as perspectivas são de continuidade de um mercado célere em solo porto-alegrense. “Porto Alegre está em franco crescimento, com uma série de bairros novos sendo criados. Acredito que o boom imobiliário ainda não tenha chegado ao fim na cidade”, aponta Eduardo Zylberstjn, economista e pesquisador da Fipe.
Confirmando a previsão de Zylberstjn, a Capital gaúcha apresentou aumento de 1,3% nos preços apenas em janeiro deste ano. Para mapear a situação da cidade, o FipeZap compilou dados de mais de 50 mil residências. Atualmente, o bairro mais valorizado é o Três Figueiras, com média de R$ 6.834,00 por metro quadrado. No País, nas 16 cidades avaliadas pelo indicador, os imóveis tiveram acréscimo de 0,9% no primeiro mês do ano. Nas sete capitais em que o índice existe há mais tempo, a elevação acumulada nos últimos 12 meses chega a 13,5%.
Com o setor imobiliário brasileiro dando sinal de estabilização em certas localidades, o economista do BTG Pactual Danilo Igliori vislumbra o início de uma fase de crescimento moderado. “Os preços cresceram muito nos últimos anos e agora começam a se acomodar em muitas cidades. Isso não quer dizer que haja uma bolha em formação. É uma simples questão de oferta e demanda”, analisa. Para ele, o segmento ainda está na sua “infância”.
Em 2013, o volume de crédito imobiliário concedido pelas instituições financeiras deve bater novo recorde. A Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) projeta o repasse de R$ 95,2 bilhões para a aquisição de moradias, 15% a mais frente ao montante liberado em 2012. Em 2004, os financiamentos consumiram R$ 3 bilhões. “O crédito avançou 28 vezes desde 2004. A cada ano, cresce o equivalente a uma década”, aponta Marcelo Prata, presidente da Associação Brasileira dos Corretores de Empréstimo e Financiamento Imobiliário (Abracefi). Segundo o dirigente, a inadimplência nesta modalidade é muito baixa, não ultrapassando os 3%.
Neste contexto, o consultor do departamento econômico do Banco Central (BC) José Henrique de Carvalho lembra que o mercado imobiliário mudou o cenário da tomada de crédito no Brasil. Em 2007, conforme dados do BC, as moradias tinham 11% de representatividade entre todas as modalidades de crédito. Agora, esse índice é 25%, ficando atrás apenas do crédito pessoal (25,3%).
As estatísticas do Banco Central também destacam que, de 2006 para 2012, a participação do crédito imobiliário em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil saltou de 1,5% para 6,3%. “Essa proporção está abaixo do padrão mundial. Por isso, vemos uma nítida tendência de crescimento. Há um bom espaço para uma expansão sustentável desse mercado”, analisa Carvalho.
O levantamento da Fipe acompanha a variação dos preços de imóveis a partir dos classificados expostos no site Zap Imóveis. Portanto, os valores capturados pela pesquisa são os anunciados, não os dos negócios fechados de compra e venda.
Fonte: Jornal do Comércio (RS)