Estimativas do uso regular nos últimos 6 meses de crack e/ou similares, nas capitais do Brasil, por grupo etário, segundo macrorregião, 2012
Pelo menos 370 mil pessoas usaram crack ou drogas similares regularmente nas 26 capitais brasileiras e no Distrito Federal em 2012, segundo o levantamento “Estimativa do Número de Usuários de Crack e/ou Similares nas Capitais do País”, divulgado nesta quinta-feira (19), pelo Ministério da Justiça. Destas, 14% foram menores de idade, ou aproximadamente 50 mil crianças e adolescentes que fizeram uso dessa substância nas capitais do país no período.
Dentro do levantamento feito junto com o Ministério da Saúde, foram considerados o uso do crack e de drogas similares como a pasta-base, a merla e o oxi, que também são consumidos em cachimbos, latas e copos. O levantamento considerou as definições dos próprios usuários, sem comprová-las por exames clínicos.
Definiu-se como “uso regular” o consumo da droga por pelo menos 25 dias nos últimos seis meses, seguindo definição da Opas (Organização Pan-Americana de Saúde) referente ao uso contínuo de entorpecentes.
A estimativa encontrada nas capitais e no DF para a população desses municípios que consome crack e/ou similares de forma regular é, aproximadamente, 0,81%, o que representaria 370 mil usuários.
Nesses mesmos municípios, estima-se que o número de usuários de drogas ilícitas em geral (com exceção da maconha) foi de 2,28%, ou seja, aproximadamente 1 milhão de pessoas. Os usuários de crack e/ou similares correspondem a 35% desses consumidores de drogas ilícitas nas capitais do país.
As proporções de usuários menores de idade que usam crack e/ou similares variaram conforme a região do país. As capitais do Nordeste, proporcionalmente, foram as que somaram o maior número de usuários entre os menores de idade, correspondendo a pelo menos 28 mil pessoas, segundo o levantamento.
Nas capitais do Sudeste, pelo menos 13 mil crianças e adolescentes usaram a droga em 2012. Nas capitais do Sul e do Norte, o número diminuiu para 3.000 menores usuários em cada uma dessas regiões; e nas capitais do Centro-Oeste, 6.000 menores usaram.
No entanto, em números absolutos, o número de usuários de crack e/ou similares nas capitais do sudeste é mais elevado do que nas capitais do norte, sendo aproximadamente 115 mil frente a 35 mil, devido ao maior tamanho populacional.
Nas capitais da região Norte, o crack e/ou similares representaram 20% das substâncias ilícitas consumidas, enquanto no Sul e no Centro-Oeste, corresponderam a 52% e 47%, respectivamente, de todas as drogas ilícitas (com exceção da maconha) consumidas nas capitais dessas regiões.
De acordo com o levantamento “Perfil dos usuários de crack e/ou similares no Brasil”, também divulgado hoje pelo Ministério da Justiça, metade dos usuários de crack do país (aproximadamente 50%) é de jovens adultos de 18 a 30 anos, predominantemente do sexo masculino (78,7%).
O levantamento leva em conta os usuários das capitais, do Distrito Federal e de nove regiões metropolitanas e municípios de médio e pequeno porte do país em 2012.
Os homens também usam por mais tempo a droga (83,9 meses), frente aos 72,8 meses, em média, das mulheres. No entanto, elas consomem mais pedras de crack por dia do que eles: 21, em média, contra 13 dos homens, segundo o perfil de usuários.
Elas também lideram quando o assunto é se prostituir para sustentar o vício, isto é, trocar sexo por dinheiro ou mesmo por drogas: 29,9% das usuárias contra apenas 1,3% dos usuários.
A maioria dos usuários é de solteiros (60%) e grande parte não usa preservativos quando fazem relações sexuais por via vaginal (39,5%). De acordo com o perfil, pelo menos 5% destes usuários já foram infectados pelo vírus HIV no país, sendo 5,9% entre os usuários das capitais e 3% entre os moradores dos municípios.
Entre as mulheres usuárias de crack e/ou similares que participaram da pesquisa, cerca de 10% relataram estar grávidas e outros 10% que não sabiam se estavam.
Entre as mulheres usuárias pelo país, 22,8% disseram já ter engravidado de duas a três vezes desde que iniciaram o uso da droga (24,2% das usuárias das capitais); 17,3% engravidaram pelo menos uma vez (15,3% nas capitais) e 6,5% engravidaram quatro vezes ou mais desde o início do consumo (7,3% nas capitais).
No entanto, a maioria das usuárias do país (53,4%) disse nunca ter engravidado desde que começou a consumir a droga (53,2% nas capitais).
Ainda entre os usuários de crack, apenas 20% são brancos e 80% ‘não-brancos’ (pretos e pardos).
O perfil mostra ainda que a maioria dos usuários (55%) estudou até a 8ª série do Ensino Fundamental e menos de 5% tem nível superior completo ou incompleto.
Entre os usuários brasileiros de crack e/ou drogas similares, aproximadamente 40% vivem nas ruas; dado superior nas capitais (47,3%) e menor nos municípios (20%). E a imensa maioria (64,9%) faz sua fonte de renda por meio de trabalhos autônomos ou bicos – dado superior nas capitais (67,6%) e também alto nos municípios (59,2%) – e por ganho de esmolas (12,8% dos usuários brasileiros no total; 13,4% nas capitais e 11,6% nos municípios).
Ainda segundo o perfil traçado pelo governo, mais da metade dos usuários de crack e/ou similares já foi preso pelo menos uma vez, sendo que 41,6% detidos no último ano.
As principais causas da detenção são pelo uso ou posse de drogas (13,9%), assalto ou roubo (9,2%), furto, fraude ou invasão de domicílio (8,5%) e tráfico ou produção de drogas (5,5%).
Fonte: UOL Notícias